Por stockcentral, de envato elements
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O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, explica que o declínio da produção de grãos se deve, principalmente, à falta de chuvas em estados produtores, o que prejudicou o milho. “O país vive uma crise hídrica. A quantidade de chuvas está muito abaixo do que normalmente é esperado. A soja, por ter sido plantada e colhida com atraso, diminuiu a ‘janela de plantio’ da segunda safra do milho, que vem logo depois da colheita dela. Por isso ficou mais dependente de boas condições climáticas e, como as chuvas não vieram, houve redução na produção dessa safra”, diz o pesquisador.

Além da falta de chuvas, Barradas cita a ocorrência de geadas em outras áreas produtoras do milho. “O clima do Sul, diferentemente do Centro-Oeste, é mais instável. Neste ano, o inverno foi mais rigoroso e o Paraná, por exemplo, foi atingido por geadas, o que prejudicou as lavouras do estado”, afirma. Além do estado sulista, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também tiveram perdas na produção da segunda safra do grão por causa do clima frio.

Com isso, ao totalizar 86,3 milhões de toneladas, o milho deve ter a sua produção reduzida em 16,4% em relação ao total colhido no ano passado. Para a segunda safra, que representa 70,2% da produção total do milho, a estimativa é de que a produção caia 21,0%. Já em relação à estimativa anterior, divulgada no mês passado, o declínio é de 2,0%, causado pela queda na produção de alguns estados, como Goiás (-3,5%), Paraná (-6,7%), São Paulo (-24,1%) e Minas Gerais (-10,1%).

“A área plantada da segunda safra do milho no país cresceu 8,5% em relação ao ano passado, ou seja, o produtor plantou mais e mesmo assim perdeu 21,0% na produção”, diz Barradas. O milho, o arroz e a soja são os três principais produtos do grupo de grãos. Somados, representam 92,4% da estimativa da produção e respondem por 87,7% da área a ser colhida.

Outra cultura que sofreu declínio frente ao ano anterior foi a cana-de-açúcar, cuja produção deve chegar a 628,5 milhões de toneladas (-7,3%). O gerente da pesquisa explica que o clima seco que atingiu as regiões produtoras neste ano prejudicou os canaviais. “A maior parte da produção da cana-de-açúcar não tem irrigação. Então é uma cultura que sente muito a falta de água e por isso foi bastante afetada pelo clima”, diz Barradas.

Principal produtor da cana-de-açúcar no país, São Paulo deve responder por quase metade (49,9%) do total produzido, ao atingir 313,6 milhões de toneladas. No Paraná, a estimativa da produção caiu 1,7% em setembro, enquanto, no Nordeste, aumentou 1,4% em relação a agosto. A região é responsável por 8,6% da produção nacional, com crescimento de 3,1% frente ao ano anterior, o que representa 724,9 mil toneladas a mais.

O clima seco em São Paulo também prejudicou a produção de laranjas. Frente ao ano passado, a produção dessa fruta deve ficar 13,8% menor, ao chegar a 13,6 milhões de toneladas. A queda em São Paulo, que responde por 70,7% da produção nacional da laranja, deve ser de 18,9%. Com isso, a estimativa é de que o país produza 332,7 milhões de caixas de 40,8 kg, queda de 7,2% em relação ao previsto no mês anterior.

Já a estimativa de produção da soja segue aumentando. Em 2021, esse grão deve atingir o recorde de 134,0 milhões de toneladas, aumento de 0,2% frente à previsão anterior e de 10,3% na comparação com o total produzido no ano passado. “O destaque da produção brasileira de 2021 é, de longe, a soja. O dólar continua elevado e os preços das commodities continuam bons. Isso incentiva a agricultura do país, já que boa parte dela é voltada para a exportação”, analisa.

O resultado positivo é relacionado, especialmente, à recuperação da produção do Rio Grande do Sul, que cresceu 80,8% em relação ao ano anterior, quando as lavouras desse estado foram atingidas por um longo período de estiagem. Outros estados que se destacaram no aumento da produção da soja na estimativa de setembro foram Mato Grosso (0,9%) e Rio Grande do Sul (0,1%).

A produção do trigo também deve superar o total colhido no ano passado, apesar do declínio de 0,6% em relação à última estimativa. A commodity deve chegar à produção de 8,1 milhões de toneladas, aumento de 31,0% frente a 2020. “Essa é uma produção muito boa. O trigo está agora em campo e o clima tem ajudado. O Paraná e o Rio Grande do Sul são os principais estados produtores do trigo e tem chovido por lá”, completa Barradas.

Produções do Centro-Oeste e do Sudeste devem cair em 2021

Duas das cinco grandes regiões devem sofrer declínio de produção neste ano. O Centro-Oeste, que responde por 45,7% da produção nacional de grãos, deve ter a sua produção reduzida em 5,8%. Em 2020, a região chegou a produzir 121,7 milhões de toneladas, enquanto em 2021, deve atingir 114,7 milhões. Já a produção do Sudeste deve cair 2,6% frente ao total do ano passado, quando totalizou 25,7 milhões de toneladas.

O Sul (5,4%), Nordeste (1,7%) e Norte (1,3%) devem ter acréscimo em suas produções. Entre as unidades da Federação, Mato Grosso lidera, com uma participação de 28,5% na produção total do país, seguido pelo Rio Grande do Sul (15,0%), Paraná (13,3%), Goiás (9,2%), Mato Grosso do Sul (7,7%) e Minas Gerais (6,1%), que, somados, representam 79,8% do total nacional.

O primeiro prognóstico do IBGE para a produção de grãos da safra 2022 será divulgado no dia 11 de novembro. O segundo e o terceiro prognósticos estão previstos para os dias 9 de dezembro deste ano e 11 de janeiro de 2022, respectivamente.

Sobre o LSPA

Implantado em novembro de 1972 com o propósito de atender às demandas de usuários por informações estatísticas conjunturais mensais, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - LSPA - fornece estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e social para o País. Ele permite não só o acompanhamento de cada cultura investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano civil de referência, como também o prognóstico da safra do ano seguinte, para o qual é realizado o levantamento nos meses de outubro, novembro e dezembro. Acesse os dados no SIDRA.

Fonte: agenciadenoticias.ibge.gov.br